segunda-feira, 30 de abril de 2012

Resenha: Filmes Literários. Parte 1




Já me perguntei uma vez, "Por quê os contos macabros de Edgar Allan Poe e os livros obscuros de Stephen King agradam-me tanto?". Eu responderia de uma maneira simples e objetiva. Eles me incomodam (essa é a palavra chave). Esse sentimento de dedo na ferida, sem medo de mostrar o que é sujo e incorreto, realçam as palavras tornando-as apreciadas não só por mim quanto a milhares de pessoas pelo mundo.


Deste modo, o cinema, filho caçula dos livros, busca “incomodar” seu espectador com suas estórias sujas e destruidoras de caráter históricas.
Anônimo (2012) utiliza muito bem desta introdução, acusando, talvez com razão ou não, que nosso querido e famoso escritor William Shakespeare não passa de uma mentira. Imaginem um conhecimento adquirido se tornar uma farsa do dia para a noite e seu autor verdadeiro nunca ter recebido os devidos créditos de sua obra? Toda essa dúvida me fascinou ao assistir Anônimo, claro que ele dividiu as críticas, pois os mais fascinados pelas obras “shakespearianas” bateram o pé feito crianças deixando-os “incomodados”. Não estou aqui para dizer de qual lado eu fico, pois não conheço tão bem assim a vida de William Shakespeare, mas eu aplauso a ousadia dos diretores e roteiristas desta incrível, talvez não tão crível, obra cinematográfica.


Se em Anônimo temos o “incômodo”, já em Meia Noite em Paris o “deleite”. Sonhar faz parte da vida do ser humano. Quando crianças, vivíamos no “Imagine se...”, para os amantes da arte, em geral, basicamente nada mudou “Imagine se eu conhecesse o pintor Salvador Dalí”, essa premissa leva Woody Allen a filmar um dos filmes mais belos e agradáveis, pelo menos para mim, de sua carreira. Nem só de adaptações vive o cinema, mas por muitas vezes o falar de arte com arte é o maior presente que poderíamos receber. Abordando pintores famosos, a famosa “era de ouro”, junto com escritores renomados. Gil (Owen Wilson) buscava inspiração para escrever seu livro, Meia Noite em Paris nos dá inspiração para pesquisar sobre esses artistas/autores e até mesmo escrever uma resenha desta obra.


Como não assistir um filme em que Gérard Depardieu está no elenco, ainda mais como principal e que envolva livros? Minhas Tardes com Margueritte (com dois Tês) narra a estória de Germain, um homem robusto sem emprego fixo e com uma baixa estima de dar dó, e Margueritte, uma adorável velhinha de 90 anos apaixonada pelas letras. Nem sempre estamos contentes com o que temos e o que nos tornamos com o tempo, vários imprevistos roubaram o nosso sonhar, mas será esse o fim apropriado? Muitos buscam soluções nas bebidas, brigas e Deus; e outros, assim como Germain, as buscam, ou encontram, nos livros. Até mesmo para aqueles que nunca tenham pegado um livro e lido por inteiro, sempre existirá essa oportunidade, mergulhar no “labirinto das palavras”, onde certamente encontrarão o que buscam no íntimo.
Ao fim de uma maratona de três filmes; Anônimo, Meia Noite Em Paris e Minhas Tardes Com Margueritte. Fica difícil escolher o melhor. Todos falam, diretamente ou indiretamente, sobre a literatura e só pelo tema ser esse já me garantiram o meu apreço antes mesmo de ter os assistidos. Mas o destaque fica para a produção francesa Minhas Tardes Com Margueritte, onde singelamente nos emociona a cada parágrafo lido pela talentosíssima Gisèle Casadesus (Margueritte).


“Nas histórias de amor há mais que amor. Às vezes não há nem um “eu te amo”, mas se amam.” - Minhas tardes com Marguerite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Espero que tenham gostado do Post, para elogios ou críticas, comente: